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Janeiro

Parada na estação, espero-o chegar.

Um floco de neve pousa na ponta do meu nariz. Chega mais um, então outro, um quarto, o quinto.

Impaciente. 

Arrisco um passo à frente quando escuto o terceiro trem passar.

Sinto o gelo liso sob meus pés e quase derrapo.

Retraio.

Consigo equilibrar-me sei lá como. Se minha mãe estivesse aqui, ela diria que foi a mão de Deus.

Suspiro. 

O medo que paralisa não combina comigo, mas colocar tudo a perder também não. Ainda menos a essa altura do campeonato.

Espero. 

Acaricio a lua cheia que a cada dia que passa comprime mais o meu estômago, estira mais a minha pele. 

Me render ao orgulho e à teimosia seria um estúpido deslize. Imprudente.

Recuo um passo e enterro os sapatos na água congelada. Fico imóvel debaixo da marquise, quietinha esperando o marido chegar de carro para me buscar.

Como uma boa esposa grávida.


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Amarílis Pereira ©  All rights reserved

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